“É necessário que apresente publicações oficiais que isso de fato é o posicionamento dos movimentos feministas de uma forma geral”, diz Raquel Auxiliadora.
Em entrevista ao G1, Sara contou como ser mãe contribuiu para a mudança de pensamento e sobre os arrependimentos durante os anos de militância, entre eles o fato de ter abortado pela primeira vez. “Dentro dos grupos feministas é muito fácil encontrar Cytotec. Se você contar que está grávida, que não tem marido, inventar qualquer história, muito rapidamente você consegue pílulas abortivas”, disse. “Há pressão para o uso de drogas, para desconstruir a monogamia que, para o movimento, é instituição criada pelo patriarcado para fazer a mulher ser submissa. Você tem que ser a favor das drogas, de ideologias que levam as pessoas a se relacionarem com muitas outras pessoas ao mesmo tempo. Isso me chocou muito”, completou a ex-ativista.
Grupos feministas consultados pelo G1 afirmaram que nem todos os movimentos são iguais e que desconhecem a questão do fácil acesso a abortivos, a pressão para a utilização de drogas, para desconstrução da monogamia, doutrinação religiosa ou qualquer outra afirmação a partir de uma experiência de vida.
Cibele Ferreira, representante do coletivo Juntas, de São Carlos, diz desconhecer a prática dentro dos grupos feministas. “O movimento luta justamente para que seja responsabilidade do Estado garantir amplo acesso das mulheres à informação, a métodos contraceptivos e ao aborto seguro na rede pública de saúde. Sendo o Cytotec proibido no Brasil, é difícil imaginar que essas mulheres tenham fácil acesso a esse medicamento. Este tipo de declaração ignora as diversas razões de uma mulher que recorre ao aborto e é uma tentativa de deslegitimar a luta por este direito”, declarou.
Já o grupo Promotoras Legais Populares de São Carlos afirmou desconhecer a pressão para a utilização de drogas, para desconstrução da monogamia, doutrinação religiosa ou qualquer outra afirmação a partir de uma experiência de vida. “É necessário que apresente publicações oficiais que isso de fato é o posicionamento dos movimentos feministas de uma forma geral. O movimento feminista, em nossa visão e como militamos, defende a inclusão das mulheres em todos os âmbitos, como na educação, saúde, trabalho, política, etc. Neste argumento, entendemos que as mulheres podem e devem escolher como vivem, se querem ter filhos ou não, se querem casar ou não, e para isso precisamos ter instrumentos para tomadas de decisões. Existe uma diversidade de mulheres em nosso país e no mundo, e devemos primeiramente respeitar esta diversidade”, disse a coordenadora, Raquel Auxiliadora.
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